1992.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Diário.

São sete da manhã, levanto-me, vou tomar um duche rápido, acordo os meus filhos, Leonor e Dinis, preparo-lhes o uniforme do colégio para que se vistam, já são grandinhos o suficiente para se vestirem sozinhos, corro de novo para o meu quarto, acordo com um beijo o meu marido, aquele que o meu coração escolheu para ser o papá do Dinis e da Leonor. Ele acorda e pede-me outro beijo, eu dou-lho mas é seco porque tenho de me apressar se quiser chegar cedo ao escritório e continuar a dar o bom exemplo aos meus funcionários. Com esforço o meu marido levanta-se e apressa-se também para tomar um duche rápido e preparar-se para mais um dia de trabalho árduo e escolhas cirúrgicas que nem sempre um cardiologista gosta de tomar, mas é este o seu trabalho, e é isto que ele tem de aguentar, e eu como boa esposa vou estar aqui para o apoiar, mas agora tenho de ir ver se está tudo a correr bem com os meus filhos e se já estão despachados no que toca à tarefa de vestirem o uniforme.
O pequeno almoço está servido e certifico-me que todos se alimentam como deve de ser, depois de já terem tomado a refeição mais importante do dia obrigo as crianças a irem rapidamente lavar os dentes para que estejam sempre bonitos e branquinhos.
O papá já saiu hoje tinha uma cirurgia importante e não podia atrasar-se, eu pego no meu carro e levo as crianças ao colégio.
Chego às 8h30 ao escritório, dou os bons dias aos meus funcionários, e começo a trabalhar.
São 9h30 e já tenho mais três novos clientes. Fico feliz.
Às 17h30 vou buscar os meus filhos ao colégio, vamos os três para casa e no caminho pergunto-lhes como foi o dia, e eles dizem-me que aprenderam milhões de coisas, até contas de dividir já sabem fazer, o que até me ajuda, assim aprendem a serem justos um com o outro...
Como ainda não tenho empregada, e até gosto de não ter, assim tenho a certeza de que as coisas são bem feitas, tenho de fazer as camas, ter a certeza de que tudo permanece direito e arrumado, verifico se os meus filhos têm trabalhos de casa e ajudo-os em tudo. Dou por mim e já são 19h15, começo a fazer o jantar e às 20h30 já está pronto e é precisamente a essa hora que chega o meu marido, cansado e um pouco angustiado, não sabe o que vai realmente acontecer ao paciente da manhã.
Ponho a mesa para os quatro e começamos a jantar... O nosso dia é contado uns ais outros e as crianças nunca se portaram tão bem num jantar de família.
O meu marido, para além de ser bom pai, bom amigo, bom apoio é acima de tudo mesmo um bom marido, e ajuda-me a levantar a mesa e a colocar a loiça na máquina, a limpar a cozinha e a voltar a colocar tudo perfeito.
Brincamos um pouco com os nossos filhos, eu dou banho à Leonor e o papá dá banho ao Dinis e deita-mo-los. Como tradição antiga já na minha família e na família do meu marido, lemos uma história às crianças e elas acabam por adormecer...
O meu marido teve um dia chato e cansado, e o meu não foi melhor, ele como bom marido senta-se no sofá e diz-me para deitar a minha cabeça no colo dele, e faz-me aquelas cosquinhas que toda a gente adora. Acabo por adormecer e ele pega-me ao colo e leva-me para a cama, deita-se a meu lado, da-me um beijo de boa noite e acaba por adormecer também.
Amanhã é outro dia.

Este é o dia de uma mulher. É o meu destino.