1992.

sábado, 19 de junho de 2010

Roubos de Alma.

Tu magoas-me com cada movimento de respiração que faças. Tudo em ti me magoa, de uma forma tão cruel que é impossível de descrever a dor que sinto.
Fazes-me querer gritar ao mundo toda a minha raiva para me poder libertar de ti, alma que me consome!
És a minha pele, a minha carne, a minha estrutura que ainda me aguenta de pé! És o meu sangue, o meu ar, as minhas veias, o meu coração... Sim... És o meu coração. Tu tem-lo e fazes dele o que queres, sem dó nem piedade, e eu que me aguente na minha frágil estrutura que tu também consomes... A cada dia que passa cada vez me sinto mais fraco, mais inútil, mais cansado de ti e das tuas acções. Não és tu que tens de levar com elas de cada vez que as cometes, sou eu! Eu, que te dei e dou tudo de mim, não tenho mais nada, sou mais teu, que meu, do que alguma vez fui de alguém.
Pára de me fazer sentir assim não vez que não aguento mais? Tu já consumiste tudo de mim, já me tiraste a vida, agora sou teu, mas por favor, pára, pára de me matar cada vez mais, e mais, e mais...
Deixa-me ser meu uma única vez, por favor...

Saudades.

Um dia tudo isto vai acabar.
Todos nós nascemos com o mesmo "objectivo": morrer.
A morte é quando tudo acaba, quer queiramos quer não, tudo o que conhecemos acaba ali, quando o nosso corpo deixa de nos levar aos nossos sítios de eleição, quando a nossa imaginação não nos permite mais imaginar como será o futuro, porque já não vai existir mais futuro, nunca mais.
A vida é feita de ciclos, mas que na realidade nunca se repetem. Nós nunca vemos a mesma coisa exactamente igual duas vezes. Vê-mo-la a primeira vez e pronto, é a única. Nunca mais vai voltar a ser a mesma. O mesmo se passa com tudo aquilo que já vivemos, vimos, sentimos, presenciámos, respirámos (...). Nada se repete.
O que estamos a viver agora, vai acabar. Eu vou deixar de ser uma adolescente que ambiciona coisas inalcançáveis, vou deixar de usar a mesma roupa, vou deixar de dormir em casa dos meus pais, vou deixar de ter alguns amigos, vou deixar de ter tempo para os meus (alguns) amigos, vou deixar de ter tempo para mim, vou deixar de sonhar com o amor perfeito, vou deixar de ser uma eterna adolescente apaixonada por surfistas morenos de olhos verdes, vou deixar de ser leoa com juba de leão, vou deixar...
Quando deixar tudo isto, vou saber o que são saudades, vou ler e estudar o que são as saudades e aí vou dizer que sinto saudades de não saber o que elas são, porque quando não as sentia era porque não tinha deixado nada.
Depois, quando finalmente souber o que são as saudades e estiver pronta a voltar a não deixar nada, vou morrer. E tudo vai acabar.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Acções.

Um dia meteram-se comigo, eu respondi com um beliscão bem forte e que deixa marca.
Voltaram a meter-se e eu respondi outra vez com um beliscão forte e deixei marca.
No outro dia simularam que se iam meter comigo e eu agi logo na defensiva e então disseram-me "fogo miúda, sempre na defensiva, porque é que és assim?" e eu respondi com as lágrimas nos olhos "tive de aprender a ser assim".