1992.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

O Papel Mágico

Já tenho 18 anos e acho que ainda não fiz nem um quarto daquilo que o destino me traçou.
Em pequena sonhava com o meu futuro, planeava-o todo e até escrevi num papelinho o que queria para a minha vida... e aquilo que eu queria quando tinha cinco anos era ser cabeleireira, cantora, dançarina, pintora, educadora de infância, professora, ginasta, nadadora profissional, e umas tantas outras coisas que já nem me lembro. Quando fiz dez anos já não queria ser tanta coisa, entretanto cresci e como tal, já só queria ser dançarina e cantora. Acho que até tinha um certo jeito, porque eu sabia as músicas todas da Britney Spears e as coreografias de trás para a frente, e então, pegava numa vassoura, fazia dela um microfone e ia cantar para as flores do jardim da minha avó.
Depois, fui para outra etapa da minha vida, uma etapa muito parva, em que se entra quando temos mais ou menos doze ou treze anos, a minha mãe chama-lhe a idade do armário, mas eu chamo-lhe a idade da parvoíce, em que nos sentimos muito incompreendidas, em que qualquer pessoa é boa para lhe chamarmos melhor amiga, e no mesmo dia em que lhe passamos esse rótulo uma discussão sobre a cor da flor do jardim da escola corre mal e então passa a ser a pior pessoa do mundo. É uma idade em que começamos a descobrir que afinal os meninos já não são uns chatos e uns totós, afinal eles até são um animal interessante que por quem, queiramos ou não, acabamos sempre por nos apaixonar. Como ainda só tinha treze anos ainda me apaixonava em segredo, e o meu primeiro namorado, que nem sei se era um namorado a sério ou não, mas foi a quem eu dei o meu primeiro beijo a sério, aquele beijo que nos faz levantar o pé e pensar que estamos num mundo paralelo, foi aos catorze anos.
Com essa idade passou-me pela ideia o fanatismo por desenhar roupas, e confesso que até gostava de ser alguém que desenha roupas, vê-las em pessoas famosas que adoraram o nosso modelo e que nos pagam o que for preciso para ter aquele exclusivo.
Contudo, acho que tudo aquilo que eu escrevi num papelinho para o meu futuro se realizou...
Às vezes sou cabeleireira porque pinto o cabelo à minha mãe ou à minha avó, e até tenho jeito para a coisa, às vezes sou cantora porque vou a um bar de karaoke e canto, nem que seja só para ver uma amiga sorrir, às vezes sou dançarina porque quando saio à noite danço, danço muito, às vezes sou pintora porque me armo em Kandinsky e pinto umas coisas, também sou educadora de infância porque fico a tomar conta das minhas primas, também já fui ginasta porque neste ano lectivo tive de fazer uma demonstração e até tenho um jeitito para fazer espargatas, e já fui nadadora profissional porque já andei na natação e de vez em quando nado na praia ou na piscina. Só ainda não fui professora, mas como isso está escrito no papelinho sei que um dia vou ser professora também!
Mas aquilo que eu quero agora é voltar a escrever num papelinho aquilo que eu quero para o meu futuro, porque, afinal, o papel é mágico e faz com que tudo se realize.

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