1992.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Pulseira de Números.

Quando era pequena não sabia contar as horas, nem sabia o que isso era... contar as horas. Sabia que existia a manhã porque era quando eu acordava, depois havia a tarde que vinha depois do almoço e depois era de noite que era quando a minha mãe me vinha buscar ao colégio.
Eu sabia que o relógio servia para contar as horas, só não as sabia contar.
A minha avó dizia que demorava 10 minutos a fazer-me um bolo e eu achava imenso tempo, parecia que aqueles 10 minutos nunca mais acabavam.
Lembro-me que tinha uma educadora de infância no colégio que me desenhava um relógio no pulso e eu achava aquela pulseira "tatuada" engraçada.
Quando entrei para a 2ª classe aprendi a contar as horas e não gostei.
Não gostei porque tornei-me numa criança que só sabia olhar para o relógio, à espera da hora do intervalo ou da hora de saída, e então a professora dizia ao meu pai que eu era distraída e ele zangava-se e dava-me um grande raspanete, mas se calhar a culpa nem era totalmente minha, porque se a minha professora não me tivesse ensinado a contar as horas na 2ª classe eu era uma menina que já não estava concentrada nos números do relógio mas sim nos números da matemática.
Com o tempo tornei-me numa criança sempre guiada e controlada pelo relógio. Até fiquei a adorar usar relógios!
Hoje gostava de voltar, pelo menos um dia, ao tempo em que não sabia contar as horas, ser independente em relação ao tempo e tê-lo todo só para mim!
Acredito que um dia vou ser dona do tempo e vou tê-lo sob o meu controlo e aí vou voltar a não saber contar as horas...

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